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Em 1981, o maestro Ângelo Heleodoro, naquele momento Diretor Artístico da Orquestra Sinfônica Mineira, numa de suas conversas com o Sr. Ranulpho Nunes de Carvalho, músico tradicional de Belo Horizonte, ficou sabendo da provável existência de um acervo de partituras que pertenceu ao falecido maestro Vespasiano Gregório dos Santos. De fato, o maestro Vespasiano, que foi pianista e diretor das orquestras das empresas Gomes Nogueira à época do cinema mudo, herdou e conservou o acervo de partituras de seu pai adotivo, José Nicodemos da Silva.

Contatada, a viúva, D. Filomena Maria dos Santos, confirmou a existência do acervo. Porém, seguindo instruções do falecido marido, somente confiou a guarda de todo o material ao maestro Ângelo quando percebeu que o mesmo reconhecia o valor daquele acervo e possuía condições de preservá-lo e até mesmo recuperá-lo.

Natural de Sabará, onde iniciou seus estudos musicais, o maestro José Nicodemos da Silva desenvolveu intensa atividade musical como regente, violoncelista, compositor e professor. Lecionou no Gymnasio de Barbacena e na Escola Normal de Ouro Preto, cidade onde seu nome chegou a ser popular. Em 1872, foi nomeado regente da Banda Musical do antigo Corpo Policial. Com a mudança da capital do estado para Belo Horizonte, assumiu a direção musical da Banda Musical do 1º Batalhão da Brigada Policial, apresentando-se com ela em diversas cidades mineiras e no Rio de Janeiro.

O acervo de manuscritos musicais aqui tratado origina-se na atividade musical do maestro Nicodemos:  à frente do Coral e Orquestra Padre João de Deus, com os quais participou dos principais momentos religiosos e culturais da nova capital mineira; e de seu contato com compositores e regentes de cidades como Ouro Preto, Mariana, Sabará, Santa Luzia e Lagoa Santa.

2 – CONTEÚDO DO ACERVO:

Em 1994, elaboramos o Catálogo de Manuscritos Musicais Presentes no Acervo do maestro Vespasiano Gregório dos Santos no qual pudemos identificar originais e cópias de obras compostas em Minas Gerais nos séculos XVIII, XIX e primórdios do século XX, além de obras de compositores de outros estados brasileiros e estrangeiros. A maior parte dos manuscritos é pertinente ao gênero religioso e especificamente elaboradas de acordo com a liturgia católica. Parte menos volumosa refere-se a música para bandas de música, música de câmara e música de salão. O acervo é uma mostra fidedígna da música que era realizada no final do século XIX, em Ouro Preto e no início do século XX, em Belo Horizonte.